No terreiro, o desenvolvimento de microorganismos na superficíe dos frutos e o aumento da respiração e da temperatura do produto são fatores que aceleram o processo de fermentação. Apesar destes riscos, pequenos e médios produtores utilizam intensivamente os terreiros como única etapa na secagem do café.
No processo de secagem em terreiro, o café é secado pela ação dos raios solares. É aconselhável, durante o processo, trabalhar com lotes homôgeneos, considerando-se tanto a época de colheita quanto o estádio de maturação ou teor de umidade, para obtenção de um produto final uniforme e de boa qualidade.
De modo geral, devido às caracteristícas da maioria dos secadores mecânicos comercializados, a secagem do café logo após a colheita, ou recém-saído do lavador (alto teor de umidade),é altamente prejudicada, em razão Da dificuldade de escoamento do produto dentro do secador. Portanto, para acelerar o processo de secagem, deve-se combinar a secagem artificail com a secagem do terreiro.
Uma prática recomendada é secar o café em terreiros ou pré-secadores até o estado de meia-seca (35 a 40%), sendo a secagem continuada em secador mecânico até o ponto de tulha ou, ainda, até que a umidade caia para 22%, para que possa ser submetido a uma secagem complementar, em silos ventilados, durante o processo de armazenagem, até que atinja a umidade de comercialização.
Terreiro convencional pode ser construído de cimento, tijolos, asfalto e chão batido, devendo o produto a ser secado ser distribuído em camada fina.
O terreiro com piso de terra apresenta menor rendimento de secagem e pior aspecto visual do produto em relação àquele secado em terreiros com piso de outros materiais de construção.
Preferencialmente, a secagem deve ser feita em terreiros concretados, que são mais eficientes e apresentam menores riscos de comprometimento de qualidade.
Alguns cuidados com o uso dos terreiros são recomendados:
a) Não misturar lotes diferentes de café
b) Esparramar o café, lavado ou não, no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e proceder-se à formação de mini-leiras;
c) Revolver o café pelo menos 8 vezes ao dia, de acordo com a posição do sol;
d) Fazer com que o café, após o segundo dia de seca, pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura, no final da tarde, e esparramar no dia seguinte bem cedo, o que acelerá a secagem e impedirá que o sereno umedeça muito o café;
e) Fazer leiras grandes com o café, no sentido da maior declividade do terreiro, em dias de chuva;
f) Nunca amontoar o café cereja antes do ponto de meia-seca, ponto em que ele não estará mais colando na mão quando apertado.
g) Amontoar o café por volta das 15 horase, se possível, deixá-lo coberto com lona até o dia seguinte;
h) Esparramar o café por volta das 9 horas, quando a umidade do ar é adequada e, movimentá-lo até as 15 horas, quando deve ser novamente amontoado.
i) Continuar o processo até a secagem final, recolhendo o café frio pela manhã, para tulha, com 11 a 12% de umidade

Comentário: Esta foto ilustra um grande terreiro que existia no Sítio Bom Sucesso em Guaxupé-MG que foi do meu avô, Sr. Onofre Prudente (de botas), ao lado de minha avó Lourdes. Eu, Cristiane, era menininha (de saia).
Referências bibliográficas
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